Em muitos anos de trabalho em recursos humanos estratégico, considerei sempre que faltava algo nas organizações que “tocasse” as pessoas, no verdadeiro sentido da transformação. Ou seja, o encontro do racional com o emocional. De alguma forma, os projetos têm sempre isso implícito, já que ao falar em mudança é fundamental envolver as pessoas. No entanto, nem sempre é fácil para líderes e equipas colocarem questões pertinentes ou falar de “razões e emoções” dentro das organizações, porque isso mostra vulnerabilidade. Todos falam de estratégia, objetivos, papéis e responsabilidades, competências, potencial, desempenho, retenção e sucessão,  tentando que tudo isto fique alinhado e atinja os resultados.

E foi no Coaching que encontrei algo verdadeiramente disruptivo. Ou seja, quando comecei a minha certificação em coaching era para mim mais uma metodologia de desenvolvimento de pessoas. No entanto, quando finalizei a certificação percebi que não era apenas uma metodologia. O coaching é a “umbrella” na gestão das pessoas, sendo uma ferramenta estratégica.

E porque afirmo isto? O coaching trabalha com questões poderosas, ou seja, que nos retiram o estado de “transparência” para consciencializar algo que poderá levar a uma ação concreta. Quando em reuniões, por exemplo, de planeamento estratégico os gestores utilizam as lentes da autoconsciência e visão, o foco fica mais definido e a possibilidade de se gerar um compromisso mais efetivo entre líderes e equipas para a obtenção de resultados é maior. Utilizar o coaching como um “software mental” é a palavra de ordem: “para quê? o que te falta para conseguires? o que te impede de fazer?” E tantas outras questões que podem abrir janelas de oportunidade.

Então o propósito do coaching é integrar o “sistema pessoa” (Eu, os outros e o contexto) com o “sistema empresa” (Estratégia, ação e resultados). Não é possível descaracterizar as pessoas dentro das empresas. Quando isto acontece, os sistemas ficam comprometidos e o commitment diminui.

É desde o board, que o coaching fará sentido. Ou seja, colocando em todo o racional da empresa o “software coaching” que alinhado com a estratégia, apoie as pessoas na integração, no desenvolvimento, na obtenção dos resultados, na retenção e/ou gestão do conhecimento.

Se o topo de uma organização consciencializar o “software coaching” como a base para a mudança, conseguirá que as suas pessoas sejam empreendedoras nos seus papéis como pessoas e como profissionais.

“O comportamento do ser humano é apenas parcialmente predeterminado pelos seus programas mentais: o ser humano tem uma capacidade básica de se desviar deles e reagir através de formas que sejam novas, criativas, destrutivas ou inesperadas”. Hofstede, Geert (1991), Cultura e Organizações.

Organizações. “Nuestro lenguaje forma nuestras vidas e hechiza nuestro pensamento” Albert Einstein, retirado de Zárate y Guarnieri (2010), No es lo mismo.