A autoconsciência encerra em si a autoconsciência emocional, auto-avaliação e autoconfiança e é a “capacidade para identificar e interpretar sentimentos e emoções, e avaliar o impacto que têm sobre o relacionamento com as outras pessoas e o desempenho no trabalho; para fazer uma avaliação realista dos seus pontos fortes e das limitações; para confiar nas suas capacidades pessoais para lidar com as situações.” Luís Caeiro (2002), Perfil de Inteligência Emocional.
Quantas pessoas não páram todos os dias, porque adoecem, porque ficam sem emprego, ou seja, por circunstâncias diversas. O estado de emergência veio pedir uma alteração de comportamentos. Veio pedir que parássemos e que nos isolássemos! Saímos da “transparência” para algo que não controlamos: quanto tempo durará? o que provocará? o que causará no país e no mundo? Vai claramente, afetar as nossas vidas. Ou seja, já está a afetar. Mas o que é afetar? Vamos, atentos à linguagem, distinguir a palavra “afetar”: o seu significado é positivo ou negativo? O seu significado, poderá ser reinventado?
Para mim foi curioso, na última edição, ter falado de “recuar”. E dar a este verbo a distinção de “recolhimento e reflexão”.
Deveremos refletir sobre um futuro que se desconhece? Não será isto, um gerador de ansiedade? Deveremos traçar planos num cenário de incerteza? Ou só nos irá desgastar? E se aproveitássemos este tempo de recolhimento e refexão, para desenvolver a nossa autoconsciência? Refletir em quem somos? Em quem nos podemos transformar? Que competências trazemos connosco? E se preparássemos um toolkit, para algo que será diferente?
Neste recolhimento tenho-me dedicado a reler Hofstede e Echeverría e, interessante, como as suas reflexões são tão atuais. Hofstede com a sua pesquisa sobre a cultura das nações oferece uma abordagem de como os países “se agrupam” por semelhanças culturais e como, ao “falar a mesma linguagem” se aproximam na tomada de decisão em tempos de incerteza. Echeverría, porque defende que só conhecemos, verdadeiramente, um indíviduo quando dominamos a linguagem da comunidade. A função da linguagem num indíviduo é biológica, mas a expressão da linguagem é social. Vamos utilizar esta compreensão, para ao contactar com a linguagem política, social, da saúde, da educação, da globalização, entre outras, termos o discernimento para interpretá-la e tirar dela o melhor partido. A paz interior que tanto precisamos para o recolhimento e reflexão, neste estado de emergência que o país atravessa, resulta da forma como utilizarmos a nossa programação mental para desconstruir e construir novos padrões de linguagem. Será este o recomeçar de uma nova Humanidade? A consciência de si, fará a diferença!