Quem se lembra de ter três meses de férias? Quem se lembra de passar férias com os avós na aldeia, cidade ou junto ao mar? Quem se lembra das correrias? Quem se lembra das brincadeiras? Quem se lembra das festas da aldeia? Quem se lembra dos beijos repenicados dos tios e primos que não nos viam durante tantos dias do ano? Quem se lembra do primeiro beijo numa noite de verão com um céu repleto de estrelas? Quem se lembra daquela noite na praia ou no largo da aldeia até de madrugada? Quem se lembra do gosto do algodão doce e das farturas? Ou do gelado que a avó insistia em oferecer e nós ávidos por aceitar? Quem se lembra de se apaixonar? Quem se lembra dos amigos que fizemos? Quem se lembra de ter saudades que a escola começasse? Quem se lembra de chorar na despedida? Oh que recordações!
E hoje, já adultos, como aproveitamos as férias? Como recuperamos energias? Fazemos planos para as férias…para onde vamos, com quem e quais vão ser as rotinas dos horários para as atividades lúdicas e culturais, para a alimentação, entre outras.
Saímos do nosso “habitat” para um espaço físico em que não prescindimos das rotinas. Claro! Temos crianças, temos que comer, temos que organizar as horas de ir para a praia, dos banhos no final do dia…e quando damos por nós…estamos a fazer exatamente o mesmo do que no “período não férias”, mas em outro local.
Então surge em Coaching uma abordagem que é aprender a desaprender e que já foi alvo de um artigo numa edição anterior. O que podemos aprender? O que podemos fazer diferente? Como podemos reaprender e ensinar aos nossos filhos a essência do descansar, a essência de “desligar o cérebro”, a essência de abrandar o ritmo? E isto serve-nos?Como podemos fazê-lo já que dispomos de um espaço temporal privilegiado (férias) para exercitar o nosso cérebro a encontrar o equilíbrio?Como podemos articular a linguagem, corpo e emoções num espaço temporal privilegiado quando, aparentemente, estamos “despidos” de stress?
Como podemos reenergizar-nos? Lembra-se do artigo anterior em que falámos de corpo físico e corpo projetado? «Corpo físico, pensamos em átomos, compostos químicos, tecidos, órgãos, aparelhos e sistemas. São estas componentes que, na sua estrutura e função, formam e movem o corpo humano. O corpo projetado é o resultado da nossa mente ao acumular, em vários contextos, estímulos exteriores que a padronizam e a levam a diversas interpretações (construção de quadros de referência)».
As férias poderão ser um “momento de coaching” em que poderemos fazer um reset desconstruindo e procurando sintonizar-nos com o nosso corpo físico e projetado. Uma atualização ao software mental que nos impelirá a “cuidar de nós”, quer em termos pessoais, quer profissionais. A consciência de si, fará a diferença!