Esta edição é dedicada às Emoções e de que modo estas se transformam em Inteligência. Esta transformação é denominada como inteligência emocional. Esta designação surge por Charles Darwin em 1872. Só a partir da segunda metade do século XX, este tema surge com maior intensidade por diversos autores, nomeadamente Paul Ekman (1967-1972), psicólogo pioneiro no estudo das emoções e expressões faciais. Mayer and Salovey (1990), psicólogos que criaram o modelo da inteligência emocional. Daniel Goleman (1995), jornalista científico e autor de várias obras relacionadas, que categorizou a inteligência emocional em 5 habilidades – autoconhecimento, controlo, automotivação, reconhecimento da emoção no próprio e nos outros e habilidade de relacionamento interpessoal. No século XXI, investigadores como Lisa Barrett e Bénédict Gendron, assim como, António Damásio têm dedicado tempo ao tema das Emoções. António Damásio, na sua obra o livro da consciência – a construção do cérebro consciente (2010), introduz a diferença entre emoção e sentimento, “As emoções são programas complexos, em grande medida automatizados, de ações modeladas pela evolução.”
“Os sentimentos de emoção,…são percepções compostas daquilo que acontece no corpo e na mente quando sentimos emoções.” De que emoções falamos? Vários autores categorizaram as emoções mais básicas, alegria, medo, tristeza, surpresa, aversão/repulsa, ira/raiva. António Damásio categorizou as emoções em dois grupos – emoções de fundo, por exemplo, entusiasmo e o desencorajamento e emoções sociais, por exemplo, compaixão, embaraço, vergonha, culpa, desprezo, inveja, orgulho e admiração. A estrutura funcional do cérebro responsável pelas emoções e comportamentos sociais é o sistema límbico. Assim, as emoções fazem parte da nossa programação mental, apresentando-se como uma rede neuronal, fruto da evolução da espécie, dos contextos e cultura. E o que significa? Que é difícil modificar a estrutura da emoção, por esta ser resultado de uma adaptação e aculturação e manter-se estável no tempo, Então, se a dificuldade está em modificar a emoção, porque não, modificar o sentimento? O sentimento é a expressão das emoções, ou seja, o que sentimos no corpo quando estamos a consciencializar uma emoção: a consciência do objeto que despoletou a emoção, as imagens mentais, a tradução dessas imagens pela cognição, e a fisiologia da emoção. Assim a questão que se impõe, não será importante aprender a conscencializar as emoções e os sentimentos que estas geram? A isto se chama de inteligência emocional. A capacidade de gerar padrões de resposta emocionais que tragam equílibrio, quer na relação com o próprio, quer na relação com os outros. Como gerar padrões de resposta emocional? Descodificar – desconstruir o sentimento identificando o objeto (palavra, som, imagem) e o contexto (intervenientes, local), que o despoletou. Codificar, ou seja, estabelecer relações conscientes entre o objeto e o contexto, capazes de modificar o sentimento sempre que uma emoção surge. Gerir, ou seja, “forçar” a relação causa-efeito codificada e ser flexível para se reprogramar. A Inteligência Emocional (QE) é um conceito da Psicologia que mostra ao ser humano a capacidade que tem em reconhecer e avaliar os próprios sentimentos e o dos outros. A consciência de si, fará a diferença!