“Tudo pode ser tirado de um homem, exceto uma coisa: a última das liberdades humanas – escolher a sua atitude em um determinado conjunto de circunstâncias, escolher seu próprio caminho.” Viktor Frankl, médico psiquiatra e sobrevivente do holocausto.
Se estávamos à espera do melhor momento para falar de resiliência, ora aqui está! O mundo está a fazer-nos vacilar, a cada dia. Não fosse esta pandemia, ter-nos forçado a alterar hábitos e procurar novo sentido. O que é isto de resiliência? Uma palavra que se tornou comum no léxico das empresas, na política, no desporto e entre outras áreas. Surge, pela primeira vez, na área da física em 1807, pelo cientista inglês Thomas Young e foi descrita como a capacidade de um material voltar ao normal depois de ter sido tensionado. Após a tensão cessar poderá ou não haver uma deformação residual causada pela histerese do material – como um elástico ou uma vara de salto em altura, que se verga até um certo limite sem se quebrar e depois retorna à forma original dissipando a energia acumulada e lançando o atleta para o alto.
Na semântica das organizações, resiliência é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas e traumas. Psicologicamente falando, é a capacidade de construção humana quando após desconstrução motivada por uma experiência negativa, precisamos voltar a um estado de equilíbrio. Segundo George Vaillant (diretor do study of adult development na faculdade de medicina de Harvard) a resiliência tem uma base genética, mas pode ser aprendida.
Podemos enumerar algumas figuras públicas que foram marcos de resiliência humana: Sthephen Hawking (lenda viva da física e cosmologia, diagnosticado aos 21 anos com esclerose lateral amiotrófica), Nelson Mandela (lutou contra o regime do apartheid, esteve 27 anos preso e foi o primeiro presidente negro da África do Sul), Viktor Frankl (médico psiquiatra que sobreviveu ao holocausto, perdeu a família nas câmaras de gás de Auschwitz, tornou-se um dos mais prestigiados psiquiatras do mundo e fundou a logoterapia, terapia humanística que explora o sentido de existência do indivíduo). Poderia citar muitas mais, mas prefiro deixar-lhe um desafio: tem características de resiliência? Conhece alguém que tenha estas características?
O que distingue umas pessoas de outras, em relação à resiliência? A capacidade de autoconsciência, ou seja, de uma consciência profunda das suas forças internas que os fazem enfrentar a realidade, procurar um sentido de vida e partir para a ação. Enfrentar a realidade, fazendo o luto das experiências traumáticas. Procurar um sentido de vida, porque o ser humano tem dificuldade de viver no vácuo existencial, ou seja, no aborrecimento. Quando se vive sem um sentido de vida, poder-se-á entrar num quadro patológico. Por exemplo, síndrome do ninho vazio, quando se entra na reforma, entre outras fases da vida, são momentos em que as pessoas perdem sentido de vida e tem que buscar novo sentido.
Desta forma, para a busca de sentido é fulcral o ser humano conjugar estados de homeostasia (equilíbrio interno) com estados de tensão. A tensão é o trigger para olhar em frente e partir para a ação. Nesta dinâmica, é imprescindível um trabalho profundo em relação ao EU que poderá ser apoiado na metodologia coaching: autoconsciência, visão e ação. A consciência de si, fará a diferença!
“Mais do que a educação, mais do que a experiência, mais do que a formação, será o nível de resiliência de uma pessoa a determinar quem tem sucesso e quem fracassa. É assim na ala de oncologia, é assim nos jogos olímpicos e é assim na sala de reuniões.” Dean Becker, presidente e diretor executivo da Adaptiv Learning Systems.